domingo, 19 de janeiro de 2014

Ah!!! Verão em Salvador!

Outro dia escrevi aqui sobre o inverno em Salvador e suas peculiaridades dessa estação. Aí estava pensando com os meus botões: ainda não escrevi sobre o verão. Não daria pra esquecer do verão em uma das cidades mais quentes da terra tupiniquim. Tudo bem que o verão chegou tem quase um mês, mas vale a pena.

Semana passada inventei de ir no shopping e o ônibus que eu pegava ia pela orla. Primeira observação é que transporte demora horrores pra passar no fim de semana, principalmente em um domingo. Pra piorar peguei Barroquinha, pois ficaria no Iguatemi. O buzu dessa linha não tem horário pra passar cheio. Cinco da manhã tá cheio, meio dia da cheio, a tarde ta cheio e meia noite a mesma coisa. E nesse dia não foi diferente. A porra tava cheio. 

Entrei e claro que fiquei em pé. Daí passou uma tapada atrás de mim com uma sacola e levando meu vestido junto. Por sorte olhei pra trás e tinha um lugar no fundo. Fui e sentei ao lado de um cara que tava cochilando e quase caindo em cima de mim. Último ponto da Dorival Caymme e as cenas típicas do verão soteropolitano surgem.

A galera sai da praia, corre pra não perder o transporte. No entanto não precisa ter tanta pressa assim. Depois que sair da praia não custa nada limpar suas pernas de areia. Eu entendo que não tem mais barraca de praia pra ficar sentado tomando um sol com o corpo todo lambuzado daqueles óleos de cinquenta centavos e depois tomar uma chuveirada. Sei que o jeito é ficar na areia mesmo. Mas pelo amor de Deus pessoas, se limpem. Tô ligada que tem gente que compra água mineral e volta com a garrafinha pra casa para colocar água na geladeira. Deixa disso, pega a garrafa enche com água, do mar mesmo, e quando chegar na calçada joga um pouquinho nas penas. Não custa nada! Não é constrangimento, constrangimento é entrar sujo de areia no buzu parecendo um bife empanado dormido. Aff!

Sei que Salvador é um cidade turística e coisa e tal e tal e coisa. Mas às vezes não tenho tanta hospitalidade e carisma não. Tem dia que saio e penso: será que tá escrito posto de informação da minha testa? É um atrás do outro pedindo informação. Eu não sou mapa Google, não! Fora que tem umas coisas engraçadas. Um dia, um pessoal pegou o ônibus Itapuã achando que estariam perto da Praia do Forte. Mas se confundiram com Praia do Flamengo. Tadinhos, ficam perdidos! E os gringos parecem que não têm a mínima noção do que é um sol de verão aqui em Salvador. As criaturas ficam a ponto de serem confundidas com camarão seco. Vai que uma baiana de acarajé pensa que é um camarão gigante... Vai parar no tabuleiro sacana.

E a moda praia? É cada uma. Uns caras com umas sungas totalmente desproporcionais ao corpo. Os "coroas" se achando os garotinhos com umas sungas pequenas e aquela informação abdominal quase brigando contra a gravidade, só que não cai no chão. Mas as mulheres se superam. É cada buxo caindo por cima do biquíni, os peitos saindo pelas laterais, o cabelo com aquela seda verão (será que ainda existe?).... E quando a criatura inventa de descolorir os pelos na praia? Elas devem pensar que é o sol que faz descolorir. Tipo: o sol é amarelo, então vou ficar com meus pelos amarelos. Só pode! E sempre tem uma que acha que ta arrasando. Entra na água achando que é a menina Fantástico da década de 90. Vai dar aquele mergulho, Iemanjá fica logo virada na porra vendo uma baranga querendo dominar seu espaço, manda logo uma onda que desamarra a parte de cima (que ta toda arrochada) e tudo cai por água abaixo, quase que literalmente. E aquela tiazinha tadinha, toda redondinha com aquele maiô preto, que não consegue vencer as barreiras das ondas e fica ali no raso parecendo um peixe boi? E ainda tira uma foto pra colocar no "Face". 

Resenha mesmo é quando vai a família toda. Eita que coisa boa! Aquela renca de criança, com um monte de tio de tia e mais os agregados. Como não tem mais barraca o jeito é levar as coisas de casa. Aquela bolsa térmica que alguém ganhou com o peru da empresa é a salvação. Ali colocam as "piriguetes" da Schin depois de terem comprado no Bompreço. Para as crianças levam o refrigerante também Schin, pois é mais barato. E claro a água que está na garrafa pet do último refrigerante comprado. O lanche pode variar. Pode ser o salvador pão com mortadela (os pobres não gostam de chamar de mortadela, chamam de apresuntado kkkkkkkkkkkk) ou ainda o biscoito recheado da treloso. Ainda tem a farofa que em certo ponto se confunde com a areia. Os guris pegam logo as coxas do frango com a mão cheia de areia do castelinho que estavam construindo e que a maré acabara de desmoronar. De sobremesa tem o picolé. Com o sol que faz, antes de colocar na boca já derreteu tudo. O que resta é ficar com a boca toda lambuzada e depois limpar com a água do mar. O protetor solar é compartilhado. Passa um pouquinho em cada um e deixa as criaturas da cor de papel. Devem achar que quando mais branco fica mais protege. E assim vai até o final da tarde. Só vão embora depois que o sol for.

Onda era na época que o Abaeté bombava. O pessoal saia da água salgada e ia pra água doce. Fazia da água escura da lagoa e da areia branca uma segunda praia. "Vamos passar no Abaeté pra tirar o sal do corpo". Pra completar ainda tinha uns chuveiros que era uma briga pra ficar debaixo de um. Às vezes o ralo entupia (acho que era de tanto sal que tiravam do corpo junto com areia) que a água ficava no meio das canelas. Era engraçado, o povo fazia a lagoa de praia mesmo!

Em Piatã no final da tarde o que resta é a guerra do show alto. Os caras com suas sungas coloridas, com o som num potência de trio elétrico e o coreografia dos pagodes, todas em sincronia. É bunda no chão, é ralando não sei o quê não sei onde, e por aí vai, até "umas horas".

O Sol vai embora e maresia vai chegando, o Fantástico vai chegando, a segunda também vai chegando. No outro dia tá todo mundo com aquele bronze. Sempre vai ter uma criatura falando: ai, peguei muito Sol, tava muito quente, tô toda ardida! Nem dá tempo de sair aquela pelinha. No próximo fim de semana estarão todos na praia, pra tomar aquela gelada, pegar aquela corzinha e novamente ficar com a pele ardida de tanto sol. Pois bem, já chegou verão!

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